'E morreram felizes para sempre...'

20:22

Olá Sonhadores;

Para dar um bom começo a esta nova época do Blog, trago-vos uma 'review', por assim dizer, do teatro que mais me cativou nos meus 20 anos de existência.
Começou tudo no Pavilhão 30 do Hospital Júlio de Matos. Uma amiga minha falou-me deste teatro, dizendo que queria experimentar, e que tinha uma particularidade; era teatro imersivo, o que significa que não teria de ficar sentada durante duas horas, mas sim seguir todas as personagens e 'viver' aquilo que elas estavam a viver também.
Admito que quando ela me disse onde era, fiquei logo entusiasmada. Interesso-me bastante por psicocirurgia, e nunca tinha entrado no tão famoso Hospital Júlio de Matos, e portanto tinha imensas razões para ir.


Sinopse:

Hospital Júlio de Matos. 1949

Dr. M, o Director do Hospital, acaba de conquistar um importante Prémio internacional. Ultimam-se os preparativos para uma festa em sua homenagem. Pedro, o médico residente, chega à festa acompanhado de sua mulher, Constança. Eis que surge Inês, a recém chegada enfermeira espanhola. Pedro fica hipnotizado e ela acaba em seus braços, à frente de todos. Constança, consumida pelo ciúme, interrompe o momento romântico e discute violentamente com o marido. Dr. M assiste à cena e acede ao pedido de Constança para afastar Inês. Quando Pedro descobre que Inês foi transferida, resgata-a e dá-se o contacto sexual. Dr. M percebe que foi contrariado e pede ao Enfermeiro Coelho para lidar com a situação. O Enfermeiro, aproveitando-se da situação, interpreta a ordem de forma errada e lobotomiza Inês. Pedro descobre o sucedido e confronta o Dr. M. Em seguida, movido pela dor, exige vingança. O Enfermeiro é humilhado e executado em público. Ao longo da noite, um estranho Violinista percorre os corredores, mas ninguém parece vê-lo...

Ficaram curiosos? Eu também fiquei, e assim em Julho, eu e a Shi fizemos a nossa primeira visita ao tão famoso Júlio de Matos. Não sabia o que esperar, mas sinceramente, fiquei rendida assim que nos deixaram entrar. Não só fiquei maravilhada por ser uma história de cruza Egas Moniz com uma adaptação da história de Inês de Castro, como me senti realmente imersa no ano de 1949 assim que lá entrei.
É sem dúvida algo que vai interessar qualquer amante de história, e não só, visto misturar histórias e eventos que tão bem conhecemos, sobre o nosso País.
O Pavilhão tem a pairar no ar um cheiro a éter, e imensos sons que quase nunca conseguimos distinguir ecoam dentro das paredes. É expressamente proibido falar, tirar fotografias, andar de mãos dadas, e é obrigatória a utilização de uma máscara que nos é fornecida na chegada.
Acho curioso e muito bom que façam algo assim; parece que hoje em dia temos de ter sempre o telemóvel à mão para fotografar em vez de aproveitar o momento, e neste caso, isso não acontece. Vivemos tudo, cada segundo, sem ter distrações, e o silêncio apenas torna tudo mais intenso.

Enquanto deambulamos pelos corredores, seguindo as personagens que mais nos cativam, é-nos permitido mexer nos seus pertences e em todo o cenário. Isso, claro está, permite-nos desvendar segredos e formar teorias sobre a história, completando-a a partir da sinopse.
Como não consegui seguir todas as personagens, eu e a Shi voltámos a semana passada, e a experiência foi ainda melhor.
Tenho de dar os parabéns a todos os actores; se alguém tem dúvidas de que existe talento no nosso País, pode já livrar-se delas, porque ver estes actores a trabalhar cria borboletas no estômago e enche o coração. São todos talentosos, e extremamente simpáticos com o público que interage com eles assim que a peça chega ao fim.
A história acontece duas vezes na mesma sessão, para dar oportunidade de seguir quem queremos seguir, assim como presenciar eventos e pequenos pormenores que não acontecem da primeira vez.
A juntar a isso, como se todo o espectáculo não fosse já maravilhoso, existem os 'one-on-one's'. Isto apenas significa que, a dada altura, se um actor escolher, irão fazer parte da história e ter acesso a salas secretas, que só conseguem aceder mesmo dessa forma.
Eu tive a sorte de ter um pequeno one-on-one, onde fui 'escolhida' para dançar com o Dr. Afonso, uma das personagens, e é bastante engraçado poder estar também no meio do enredo, ainda que apenas por uns minutos.
No final da peça, tive a sorte e privilégio de conhecer alguns dos actores, e ter o seu autógrafo no livro que eles vendem lá com fotografias do espectáculo, e também conversar um pouco com eles. Todos foram bastante simpáticos e humildes, o que me deixou bastante feliz, visto que tenho a tendência a ficar nervosa perto de pessoas cujo trabalho admiro.
A peça está agora na sua segunda temporada, até 17 de Outubro, mas espero que continue por mais uns meses, para conseguir ter a oportunidade de ir mais vezes. É sem dúvida o tipo de espectáculo que vale a pena repetir, porque há sempre coisas novas a ver, experienciar e descobrir naquele pavilhão.
Dou os meus parabéns e um forte aplauso a toda a gente que faz parte desta produção, porque é disto que o nosso País precisa. Num tempo em que estamos todos tão stressados, poder ver que nem tudo é mau ajuda a encontrar esperança.
Espero que vocês tentem ir e que se divirtam.
Digam-me nos comentários se já tinham ouvido falar, se foram, se gostaram ou não, e se planeiam ir experimentar!

xx,
Sara. 


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3 comments

  1. Fiquei muiiito curiosa! Sou capaz de também ir ver!
    Obrigada pela partilha!

    beijinho,
    - Miss Grace -

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  2. Eu já fui e sinceramente AMEI ! digamos que tinha uma perspetiva muito errada do que se passava lá, sempre ouvi falar que era algo de "maluquinhos" e que deveria ser para pessoas "parvinhas" mas as historias que se ouvem não têm nada a ver com o que as pessoas pensam, para mim foi uma das melhores visitas que já fiz !!!

    Beijinhos ❤
    http://oolhardamarina.blogs.sapo.pt/

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